Catarinense vive no Cazaquistão a rotina como goleiro: “Sempre fui um menino que sonhei”
Jackson Sant’Anna não imaginava que ao participar quando criança das aulas de um projeto social poderia, anos depois, viver do futsal. Atualmente, o criciumense de 22 anos está no Cazaquistão, onde defende o Ayat Futsal.
Em entrevista ao Globo Esporte, para a série “Catarinenses pelo Mundo”, Jackson relembrou a trajetória, que começou no bairro Cristo Redentor, em Criciúma, e atravessou fronteiras até chegar no Cazaquistão.
– Tem um projeto chamado Anjos do Futsal, comandado pelo professor Jean Reais, e eu comecei a disputar competições com nove anos. Depois, fui para Forquilhinha, conheci pessoas novas e comecei a disputar meu primeiro Campeonato Catarinense. […] Passei também um ano em Timbó, com 16 anos, e disputei uma Olesc com o Jaraguá. […] Depois, eu voltei para Criciúma e comecei minha caminhada na base do time Criciúma até o sub-20. Quando termina minha base, foi onde Criciúma deu esse primeiro passo para o time adulto, que agora está crescendo na cidade. Logo que eu termino esse primeiro ano, eu vou para o Joaçaba Futsal, no início desse ano – explica.
Longe de casa, essa é a primeira experiência dele fora do país. Chegou no Cazaquistão na metade de 2025 e assinou por duas temporadas com o Ayat. Entre os desafios, a possibilidade de ganhar mais experiência e conhecer novas culturas.
– A cultura do país é muito diferente aqui. Aquele ditado que brasileiro tem em todo lugar, aqui não é verdade. Tem poucos brasileiros no Cazaquistão. Pouquíssimos mesmo. A maioria está fazendo esporte. Os brasileiros são esses que jogam futsal em outros clubes. Aqui no clube onde eu jogo tem outro brasileiro comigo. É uma cultura totalmente diferente, cultura asiática aqui do Cazaquistão, a culinária, língua. Aqui eles falam Russo, uma língua totalmente diferente. Não tem o costume de falar inglês. Então, você tem que aprender o Russo.
A diferença pode ser notada também no calendário de competições. Enquanto no Brasil, o ano é preenchido com diversas disputas, no Cazaquistão, segundo Jackson, existe apenas uma competição profissional.
– No Brasil, ele é de muitas competições. Aqui tem somente uma, e tirando essa, tem as competições amadoras. É diferente também em questões de regras. Aqui é liberado o bloqueio, diferente do Brasil que não é liberado. É muito parecido com o basquete. O sistema de jogo é sistema de bloqueio – conta.
O chamado para a fé
Mas antes de chegar ao Cazaquistão, Jackson o sonho do futsal ficou ‘guardado’ por nove meses, quando ele mergulhou no mundo da fé e esteve em um Seminário, para buscar respostas e, segundo ele, atender a um chamado.
– Eu passei por uma fase de me perguntar muito: o que Deus quer para a minha vida? E nessa pergunta, um momento de juventude, de indecisão. Eu tenho um irmão mais velho que já tinha conhecido o seminário também e foi onde eu decidi conhecer o seminário e ver o que que Deus quer pra mim. Eu abandonei o futsal, larguei o futsal e por nove meses eu fui acompanhado no seminário. Cheguei lá, vivi coisas muito boas. Aprendi muito, cresci como ser humano. […] Eu fiquei nove meses e vi que não era a minha vocação. […] Foram nove meses de muita luz na minha vida, onde eu aprendi demais e vi que não era aquilo.
– Retornei ao futsal com muitos quilos a mais. Muita dificuldade e aí entrou um cara na minha vida que é Nilton, preparador de goleiros do Criciúma, ele me ajudou, me abraçou nos momentos que eu achei que não mais conseguir voltar a jogar. E eu tenho certeza que Deus está me abençoando de continuar essa carreira, de estar crescendo ainda mais e eu tenho certeza que tudo porque lá trás quando ele tocou no meu coração eu fui escutar esse chamado e não me arrependo até hoje.
O criciumense tem contrato com o Ayat Futsal até a temporada de 2027 e agora tem bem definido os sonhos que quer realizar nos próximos anos.
– Eu almejo chegar nas finais, assim como no Criciúma e Joaçaba que eu consegui deixar um pouco de mim, de poder ajudar o clube, estar junto e apoiando e querendo tá próximo e eu quero isso aqui no Cazaquistão. Quero que esse clube chegue numa final de Cazaquistão e vá para uma Champions League. É um desejo meu, um sonho, se não der nessa temporada, vou tentar buscar na próxima.
